Wellington Martins

Iansã, a tempestade e o ano de 2025

“Oh Iansã menina, dos cabelos loiros, aonde ela mora? É nas minas de ouro

Oh Iansã menina, dos cabelos loiros, aonde ela mora? É nas minas de ouro.”

“Eram duas ventarolas, eram duas ventarolas que vinham lá do mar, uma era Iansã oh Epa Rei, a outra era Iemanjá Odoyia”, aprendi essas canções quando ainda era menino e sonhava com todo o enredo de Olorun. Quando vi Iansã ou Oyá em uma festa de Olubajé pela primeira vez, entrei em êxtase. Pude contemplar por algum momento aquela tempestade de raios e da mudança no corpo de uma Ialorixá.

O tempo foi passando e descobri na mitologia africana uma conexão muito profunda com as energias da natureza, energias essas, que nos constrói e são os nossos combustíveis de iluminação.

Iansã é o orixá dos ventos, das tempestades, dos raios e tem como símbolo o búfalo. Um animal capaz de galopar no vento e transformar o seu trote em raios e em uma tempestade. Epa Rei Oyá, olha por nós.

Sempre quando um vento passa, uma brisa cobre e beija o meu rosto, me sinto abraçado por essa força da natureza. Até os dias atuais, quando uma tempestade se forma, fico contemplando este belo casamento do fogo. Iansã com Xangô. “Xangô, Xangô meu pai, deixa essas pedreiras aí, um poeta está te chamando, deixa essas pedreiras aí. ” Kauô Kabiecile minhas pedras, meu trovão, minha justiça.

Este ano de 2025 será regido pelo Orixá Iansã, a deusa dos raios e das tempestades e o que essa energia pode mobilizar em nosso campo eletromagnético? A mudança, as transformações, os vendavais que tiram os nossos véus e pode nos auxilia a despertar para vida, o viver, a eternidade. Iansã fala disso, um fogo da transformação. Em alguns mitos, Iansã trabalha junto com Ogum forjando ferramentas e armas de guerra. O fogo feminino que modela e da corpo a ação. Então vamos agir? Vamos transformar?

Coletivamente falando terá a mesma proporção, iremos ver essa energia espalhada por todo o globo, poderemos ver mudanças políticas, nos regimes de trabalho, em nossas famílias e bem provável que na natureza também. Será um ano com muitas ventanias, vendavais, tempestades, relâmpagos e devemos ficar atentos quanto a isso. Verificar o clima tempo antes de sair de casa, de fazer uma viagem, ir trabalhar.  É essencial fazermos uma pesquisa antes e ficar atentos com a eletricidade das casas, pois podem ocorrer muitas quedas de árvores. Já estamos vendo isso na natureza, provavelmente irá se intensificar. Então cabe uma boa dose de cautela no ano. Em todos não é mesmo?

O seu dia é a quarta-feira, sua cor é o vermelho cobre, elementos são o ar, o fogo, raios e tempestades, tem como festa o dia 04 de dezembro e como um símbolo um búfalo. Iansã também é a rainha dos mortos, dos eguns e é responsável por levar as almas ao Pós-vida. Epa Rei minha mãe.

Será um ano de muitas transformações, queimas cármicas, oportunidades de mudanças no sentido geral, seja casamentos, ciclos não favoráveis, empregos, transições de carreira, mudanças no lar e em todos os sentidos. A oportunidade de mudança e inovação é geral, em todos os aspectos. Precisamos refletir e pensar nas transformações que queremos proporcionar ao nosso viver e deixar que essa tempestade de 2025 venha transformar. Tem um ditado que diz assim: “Depois da tempestade, vem a bonança.” E quais as boas novas queremos em nossas vidas?

Lembrando que os Orixás são energias da natureza, então jamais irão pegar uma espada e abrir os nossos caminhos e gente ficando sentado com bunda no sofá, quem faz o caminho é o peregrino, aquele que trilha a estrada e os Odus são os nossos combustíveis e força que precisamos para caminhar e aproveitar essa energia de mudança e de transformação.

Iansã nos convida a galopar por 2025, nada como aprofundar no conhecimento espiritual, fazer terapias alternativas, se presentear com os benefícios dos questionamentos e entrar em contato mais profundo com as energias da natureza.

Iansã, esse vento da mudança nos chama, nos convida para uma tempestade, vamos a ela ou iremos estacionar no tempo e ver a tempestade passar? Sábio é aquele que estuda e aproveita os ventos fortes de Iansã. Epa Rei!

Com poesias de boa nova e ares de esperança para um mundo melhor.

Pensante Martins

Estamos prontos para o movimento Janeiro? 

Janeiro é um momento de recomeçar, uma nova chance, novas terras, novos ciclos, novas sementes,  novos ares e novos projetos. Na mitologia Romana Janeiro é regido pelo deus Jano, de onde deriva o nome do mês. Jano é um deus de duas faces, uma face nova e uma face velha, opostas. Jano simboliza essa transição entre o fim de um percurso ao redor do sol e um recomeço, onde toda a translação ao redor do sol inicia-se novamente, com ares de boa nova e recomeço. Recomeço, recomeçar. 

E como estão as nossas sementes para esse novo ano? 

É tempo de recomeçar, temos uma nova oportunidade de dar continuidade aos nossos trabalhos, colocar novos projetos em andamento e fazer parcerias que possam nos colocar em movimento e colaborar para esse novo ciclo que surge. 

O planeta regente deste mês de terra é Saturno, que também pode ser chamado de Cronos. Cronos fala do tempo, da energia tempo, que aqui em nosso planeta se manifesta através de 12 forças, 12 Orixás, 12 horas do dia, 12 horas da noite, 12 aspectos, 12 movimentos, 12 signos zodiacais e que nos devora a todo o momento. Por isso é importante o autoconhecimento para que possamos aproveitar o viver e não sermos engolidos pelo tempo. A grande pegadinha do tempo é você ver que ele passou e nada fez.  

E o que podemos entender do mês de Janeiro?

É um mês que trás bastante lentidão,  é uma terra lenta, ela ainda não se alquimizou com nenhum outro elemento. Podemos pensar em Janeiro como uma terra seca, terra com terra, árida e que ainda não entrou em contato com as energias do ano (Energias de Fevereiro, Março, Abril e demais meses, lembrando de que todos os meses são energias e tudo é energia). É um momento ideal para acompanharmos essa energia do mês e ir devagar, manter a calma, saber selecionar as nossas sementes para que possamos plantá-las durante o ano e podermos fazer uma boa colheita no final. O importante agora não é pensar em colher e sim em saber selecionar as nossas sementes e pensar no ano, afinal nós temos a oportunidade energética de recomeçar tudo novamente. Podemos imaginar um homem que sai de uma caverna e que olha o horizonte, o firmamento e o céu e analisa com cautela os seus próximos passos. O importante sempre é qualidade e não quantidade. Acalme-se, respire, sinta esse movimento e selecione as suas sementes. Todas as nossas obras são sementes, sementes aqui no texto é uma metáfora para tudo, para relações, trabalhos e o viver no geral. Tudo se enlaça ao falar do ser humano, imagina falar de toda uma cadência energética que se repete. 

É interessante nesse momento observar o movimento da natureza no globo, dos pássaros, das árvores, do clima, dos mares e etc, e olhar para a natureza dentro de nós. O homem é uma natureza viva, arbustiva, nascente, em tudo, em seu pensar, caminhar, piscar de olhos, seus pulmões, suas veias e o seu coração. 

Podemos sentir um movimento lento no ar e isso é propício do próprio mês, desse próprio movimento nos estimulando a caminhar, é sempre uma caminhada e nunca uma corrida. Quem corre não vislumbra uma paisagem, quem dirá uma vida (é uma metáfora para a vida, não estou criticando o esporte corrida). 

Podemos até observar o mês e dizer: “Janeiro é lento” e de fato é, ao contrário de Fevereiro, essa terra lenta vai chegando, chegando, chegando, ganhando espaço para que possa receber e entrar em contato (alquímico) com as demais energias do ano (Fevereiro, Março.. e etc..). 

Janeiro está quase chegando, estamos prontos para recomeçar um ano? É sempre tempo de recomeço e a própria natureza nos oferece essa oportunidade. 

Dicas de leitura: O Mito da Caverna de Platão, Os 12 trabalhos de Hércules, Deus Jano e Saturno na Mitologia Romana e Cronos na Mitologia Grega.

Que seja um ano de muitas bençãos, Epa Rei Iansán!

Pensante Martins